O despertador tocou. Eu acordei. Abri os olhos e vi uma fresta de luz passando entre as cortinas. Fui em direção à janela e percebi que um dia ensolarado estava para começar.
Logo, um conjunto de idéias e possibilidades começam a invadir a minha mente, levando-me a viajar em sonhos. Nas profundezas dos sonhos surge um trovão. As lembranças de um mundo irreal provenientes da interação consciente - inconsciente surgem com a intenção de fazer-me regressar.
Acordo pela segunda vez. Onde será que estou agora ? Estou em um sonho dentro de um sonho ? Lembrei-me que tenho obrigações a cumprir e que não posso deixar de fazê-las. E se não fizer, o meu mundo cai ? Mas e se eu fizer, hoje, amanhã e depois de amanhã… Como será o dia seguinte ? Serei mais feliz ou infeliz ?
Pra que tudo isso ? Tantos pensamentos, reflexões, devaneios… Sempre temos múltiplas opções, bem na nossa frente, diante dos nossos olhos. Devemos seguir um caminho ? Mas pra que seguir ? Um caminho é pouco para atingirmos a plenitude ? A plenitude existe ?
Perguntas, perguntas e mais perguntas… Onde estão as respostas ? Cada um tem as suas respostas, a sua verdade, ou inverdade.
O que todos querem é ser felizes, mesmo que não saibam disso ou até mesmo pensem que buscam é a infelicidade. Seja através da alegria ou da tristeza. Na riqueza ou na pobreza. Na paz, ou participando de uma guerra. O que seria do mundo se todos pensassem igual ? A diversidade é fundamental para a nossa subsistência.
Cada pessoa busca a sua felicidade do seu jeito, consciente ou inconscientemente. De forma racional, ou irracional. Seja através do individual, ou coletivo. Socializando-se, ou isolando-se.
Pra que tantas perguntas sem respostas ? As respostas estão nas perguntas, no instante em que você as lê e reflete a seu respeito. Não existe uma resposta genérica, absoluta e verdadeira. A verdade está dentro de cada um.
Mas como descobrir a nossa verdade ? Talvez um pouco de auto-análise. Mas será que isso é possível ? É difícil ser imparcial ao analisar a si mesmo, levando à dispersão ou a conclusões superficiais ou tendenciosas.
Quando crianças, aprendemos no colégio ensinamentos bem básicos e simplórios. São nas raízes que encontram-se as respostas mais importantes sobre o nosso Eu de hoje. Pra que complicar se podemos sempre simplificar as coisas ? Na própria aritmética do colégio não aprendemos a simplificar as frações, as equações e sistemas ? Por que não fazer o mesmo com as nossas vidas ?
As crianças não estão sempre sorrindo, alegres e felizes ? Um simples sorriso ou gesto de amor e carinho as levam a demonstrar isso. Por que mudamos tanto quando nos tornamos adultos ? Será que ser adulto é involuir ? Certamente que não… O "criador" não seria tão cruel com os homens.
O homem tomou a rédea da sua própria evolução, mas definiu caminhos tortuosos, com imensos obstáculos e abismos.
Nas origens, ao homem foi dada a liberdade total e irrestrita de viver, mas a conjuntura criada pelo próprio homem a tirou de nós. Estamos aprisionados por um modelo social fortemente articulado e enraizado em nossas mentes. Ao nascermos somos catequizados a nos enquadrarmos neste modelo, e com isso nossa alegria natural tende a ir se esvaindo. Se não estamos de acordo com as diretrizes e regras ditadas pelos homens que controlam a conjuntura somos punidos ou marginalizados. Somos levados a acreditar em valores absolutamente estúpidos, egoístas e materialistas (Ex "amigos, amigos / negócios a parte"), como se a relação entre os homens estivessem em um nível inferior à luta pela riqueza, poder e ascensão social.
O homem ao desviar-se da sua essência, sendo forçado a viver fora do seu "hábitat" e modelo de vida natural, é levado a apresentar diversos sintomas decorrentes dos mecanismos psicológicos de defesa criados pela mente humana como reação. A sociedade criada pelo homem está seriamente enferma e a nossa espécie ameaçada de extinção.
Será tudo isso um pesadelo ? Precisamos acordar, e lutar contra ele. Se queremos mudar este cenário, não podemos ficar de braços cruzados esperando que os outros o façam por nós. Medo, passividade, inércia, egoísmo, materialismo, individualismo, mesmo que gerem momentos pontuais de catarse jamais levarão alguém à plenitude. Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje. É importante acreditar que é possível mudar. As pessoas que acreditam precisam se unir para a construção de um mundo melhor, mais justo e coerente, focado no que realmente importa que é a felicidade, respeito e amor ao próximo.
Ser ou Não Ser... (parte 2)
Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. ~Chico Xavier