quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Em Busca da Luz



O dia amanheceu. Toda aquela certeza que parecia claríssima na noite anterior desvaneceu. Me sentia perdido, sem saber o que achar, o que fazer. Desisti de pensar. 

No fundo eu até sabia, mas não queria mais saber. Mas sabia o que ? Tudo, ou nada ? Sabia e sentia muito, mas isso não importava mais. Pelo menos naquele instante, naquele minuto. Talvez no minuto seguinte tudo poderia mudar, girar, e mudar. Subir, descer, andar pra frente, ou pra trás.

Os sentimentos dentro de mim tornaram-se indefinidos. Pelo menos ainda existiam, e com muita intensidade, mas se foco. Estavam completamente dispersos, mas vibrantes, próximos do seu ponto de ebulição. Toda essa vibração me alimentava, mesmo no meu mundo surreal. Eu não admitiria mais viver sem isso, no vazio, mesmo na leveza, a que fatalmente me levaria à nulidade em um curto espaço de tempo. Eu não suportaria mais viver na nulidade.

Era preciso prosseguir, sempre. Viver.

Resolvi desconectar da minha consciência e deixar o vento me levar. Comecei a andar sem rumo pela orla do mar. Imagens começaram a passar rapidamente na minha mente, como um filme, revivendo os momentos, com detalhes, até mesmo as batidas do meu coração. Os últimos dias haviam sido como um caldeirão de certezas, incertezas, e emoções. Tudo aquilo ficará guardado para sempre na minha alma. Nosso primeiro contato, o primeiro toque, as poucas palavras que trocamos, o primeiro beijo, os encontros, fugas e reencontros. E a forma que nos afastamos no último encontro, depois de momentos tão lindos. Mesmo o afastamento não deixava de ser bonito, mas triste. A vida não é como uma novela que acaba quando termina o último capítulo. Sempre há o dia seguinte, onde tudo pode mudar completamente, ou não. São as incertezas que nos inspiram, fazendo lutar pelos maiores desafios, e construir as artes mais genuínas.

Quando voltei do estado de imersão notei que estava passando pelo local onde nos encontramos pela primeira vez. Senti uma leve esperança de encontrá-la, mas não a vi. Pensei então em ir até as pedras. Segui o caminho pela areia, com a água do mar tocando os meus pés, molhando minha roupa. Aquela água fria refrescava meu corpo, que naquele momento estava fervendo.


Subi as pedras, mas dessa vez com a esperança reduzida. No fundo eu sabia que ela não estaria lá, pelo menos hoje. E não estava. Procurei por toda parte, e nada. Eu sabia que os nossos tempos ainda não haviam chegado. Sentei então na pedra onde nos vimos pela última vez. Olhei para o mar, e chorei.




Um comentário:

  1. Ahh, que triste, não se devemos deixar escapar. Emoções assim, preenchem o coração. Lindo!

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