Tendemos a buscar na vida caminhos concretos, em um solo sólido, estável, com o mínimo de riscos e obstáculos, visando uma suposta paz e amor eternos.
Crescemos influenciados por paradigmas globais que visam direcionar o indivíduo para seguir diretrizes sugeridas pelo sistema. O sistema precisa ser alimentado permanentemente para que assim possa subsistir, crescer, e nos engolir.
Já quando crianças aprendemos que é essencial mergulharmos de cabeça em algo que nos leve ao sucesso financeiro, pessoal e profissional, e quem sabe se soubermos articular bem com quem nos cerca ganhar poder.
Aprendemos que para nos sentirmos realizados precisamos buscar pela aprovação da sociedade daquela imagem que representamos, e que muitas vezes nos sentimos aquém daquilo que gostaríamos de ser.
E buscamos, desesperadamente, pela nossa suposta alma gêmea, visando vivermos felizes para sempre.
Além de todas estas metas, aprendemos que precisamos lutar por um espaço no céu, seguindo à risca normas de conduta religiosas as quais pregam que se quebradas acabaremos perecendo no inferno por toda a eternidade.
No meio de tudo isso onde fica o verdadeiro Eu, com os instintos que nos acompanham desde que nascemos e acabam sendo ocultados e camuflados por toda esta lavagem cerebral?
Quem somos nós de verdade? Como sermos felizes neste mundo infestado de narrativas e pressão para que nos enquadremos naquilo que é considerado como politicamente correto?
A resposta que se procura só pode ser obtida através do autoconhecimento, que é a base essencial da existência.
O autoconhecimento só irá começar a se abrir quando conseguirmos nos livrar de todo aquele tumor psicológico injetado por osmose na mente ao longo da vida pelo sistema, mídia, instituições, e até por pessoas que fazem parte do nosso dia a dia.
Somos capazes de viver por décadas, e às vezes até por toda a vida em um mundo ilusório, mas aparentemente estável, construído pelas pseudo verdades que passamos a acreditar e defender. Criamos rotinas que nos levam a passar os dias, voando, mas na verdade sem existirmos como nós mesmos.
No meio dessa existência surgem lapsos de questionamentos, angústia, depressão, que nos levam a achar que estamos perdidos e infelizes. Às vezes somos levados a acreditar que a essência do que falta é o amor verdadeiro.
Mas como amar a alguém se na verdade nem amamos a nós mesmos? E como amar a nós mesmos se nem sabemos quem de fato somos?
O autoconhecimento é uma busca permanente na direção da compreensão do Eu verdadeiro que habita dentro de nós. Se estamos enclausurados por axiomas e paradigmas absorvidos, divergentes da nossa essência natural de existência, ficamos impossibilitados de caminhar nesta diração. O medo de sairmos da zona de conforto, quebrando aquilo que nos impede de sermos nós mesmos também acaba sendo uma barreira.
Em um momento da vida alguma ocorrência pode ser capaz de criar uma ruptura nos alicerces que sustentam este mundo ilusório em que vivemos, e a partir daí tudo começa a desmoronar.
Isso pode ser visto com desespero, mas na verdade também pode ser encarado como um empurrão para a perspectiva de uma nova vida que surge no horizonte.
Quando as bases se quebram, ficamos perdidos, talvez até em um estado de limbo psicológico.
Neste momento surge como uma alternativa de sobrevivência a ativação da mente para um estado mais aberto de percepção para uma nova realidade, sob uma ótica mais livre e consistente com os nossos instintos e verdade.
A partir dessa mudança de paradigmas inicia uma nova fase de vivência, em busca da compreensão daquilo que sentimos, queremos e amamos.
A princípio pode-se achar que ao desmontar um antigo mundo, que a próxima meta seria construir um novo. Mas isso não necessariamente precisa ser assim. Sair de uma redoma que nos prendeu por tanto tempo para criar uma nova, pode acabar nos colocando de volta à prisão dentro de nós mesmos.
Para alcançarmos a felicidade que tanto almejamos precisamos manter a mente totalmente livre, aberta a novas idéias, reflexões, possibilidades, perspectivas. Nos permitir a testar, errar, mudar, acertar, sorrir, chorar, sentir, amar intensamente.
Enquadrar-se cegamente em conceitos construídos pelo sistema de bem, mal, certo ou errado, não é mais uma opção. A meta é passarmos a seguir aquilo que acreditamos por nós mesmos, de acordo com a nossa essência e consciência, tornando-nos seres completos e equilibrados.
Pouco a pouco a sua verdade vai se abrindo, e inúmeras opções de vida surgirão naturalmente. A partir daí cabe a cada um decidir o que lhe faz feliz e pelo que vale a pena viver e lutar, contanto que não permita fechar-se em uma nova cápsula fazendo com que tudo volte a ser como era antes.