sábado, 18 de novembro de 2023

生き甲斐 (Ikigai)


Ikigai é um termo japonês que pode ser traduzido como "razão de viver", "razão de ser" ou "propósito de vida". Se refere à busca de um equilíbrio interior, ao verdadeiro propósito da existência, uma razão para acordar de manhã e levantar da cama. É uma combinação que traz alegria, satisfação e significado existencial. O Ikigai é representado pela interseção de quatro elementos:


Paixão: Refere-se às atividades ou áreas da vida que você ama e faz com prazer.


Vocação: Suas habilidades, talentos ou atividades em que você é competente. Podem ser aplicadas no seu trabalho ou em outras áreas da vida.


Missão: Envolve identificar o que o mundo ou a sociedade precisam ou valorizam. É encontrar uma maneira de contribuir para o bem-estar dos outros ou fazer algo que tenha um impacto positivo no mundo.


Profissão: Representa as atividades pelas quais você pode ser recompensado financeiramente. Refere-se ao trabalho ou às habilidades que podem ser monetizadas.


O conceito de Ikigai sugere que o equilíbrio entre esses quatro elementos é crucial para encontrar um propósito de vida significativo. Quando alguém encontra a interseção entre esses aspectos, sente-se realizado, encontra motivação e enxerga um significado mais profundo em suas atividades diárias.


A busca pelo Ikigai envolve autoconhecimento, reflexão sobre suas paixões, talentos, o que o mundo precisa e como é possível sustentar-se financeiramente. Não é apenas sobre encontrar um trabalho, mas sobre encontrar um propósito de vida que englobe todos esses elementos.


É importante notar que o Ikigai não é algo fixo ou estático; pode evoluir ao longo do tempo à medida que as circunstâncias e prioridades de uma pessoa mudam. O objetivo é encontrar um equilíbrio harmonioso entre esses quatro aspectos para uma vida mais significativa, realizada e feliz.


quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Space Oddity III


Space Oddity - part I

Space Oddity - part II


Passaram os dias, meses... Um dia após o outro. Adormecido entre breves suspiros. Não conseguia deixar de tentar, acreditar, por menor que fosse a chance. Nas entrelinhas dos fatos surgiam pequenas ilusões, mas acabavam perdidas na poeira. Mas este capítulo da minha vida parecia estar no fim.

Chegou o dia. Pontualmente o veículo preto, hermético, onde a luz era impenetrável, havia chegado para me levar ao local da missão.

Nem pensei. Abri a porta e entrei.

No trajeto até a base de lançamento em breves instantes de lucidez, flashes do passado reluziam. Iam e vinham. Momentos perdidos, sentimentos e emoções inesquecíveis. De repente, já estava lá.

Entrei em um estado de transe, como se estivesse meditando acordado, de olhos abertos. Recebi as últimas instruções a respeito da missão e parti sozinho para um veículo de transporte para a nave.

O espaço sempre foi o meu destino. Desde os primeiros anos de existência me perdia dentro das imagens de espaço do jogo de memória. Permanecia por minutos fitando aquelas figuras que me faziam sentir algo que me tocava o coração de uma forma enigmática. O infinito, vazio, profundo, um abismo desconhecido, outros mundos espalhados sob a forma de pequenos pontos luminosos. Me via dentro daquelas imagens, perdido no vazio.

Mas dessa vez era real, ou supostamente real se tudo isso não passa de uma ilusão.

Saí do veículo de transporte, e me dirigi à escada que levaria à cabine de comando. Enquanto subia as escadas, similares às de um prédio de vinte andares, tudo lá embaixo ia se tornando pequeno. Era como se o meu velho mundo estivesse começando a desaparecer.

Cheguei na porta de entrada da cabine, entrei, e finalizei os últimos preparativos para o lançamento.

Coloquei o capacete. A contagem regressiva para o lançamento foi iniciada. Recebi uma última mensagem da zona de controle: "Cheque a Ignição, e que o amor de Deus esteja com você". Os motores foram ligados. Um enorme som surgiu ao meu redor, e no meio de um mar de chamas a nave começou a subir.

Em alguns minutos já estava no espaço. A Terra, azul, brilhante, surgiu na janela da espaçonave. Aquela imagem era algo indescritível, bela, imponente, emocionante. Ali estava todo o meu passado perdido no tempo, e quem sabe o futuro.


A missão havia começado.


Space Oddity - part I

Space Oddity - part II


David Bowie - Starman




quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Space Oddity II



Space Oddity - part I


A decisão estava tomada.

A desistência não faz parte do meu ser. O que estaria para vir agora era apenas uma questão de tempo.

Saí daquele prédio, introspectivo. Flashes de memórias soltas no tempo iam e vinham, mas ao mesmo tempo estava com a mente um tanto adormecida, viajando entre o real e o abstrato, como dentro de uma pintura. Mas esta era uma dualidade quase permanente nos meus devaneios.

Enquanto caminhava sentia o clima frio da atmosfera envolvida por uma garoa que penetrava no meu corpo, e de alguma forma me trazia breves momentos de meditação e paz interior. 

Caminhei na direção do mar, que sempre foi a minha principal fonte de energia. A imagem daquela imensidão azul, mesmo que um tanto mexida pelo vento, me fortalecia. Devido ao mau tempo, não havia pessoas por perto, e assim a troca de energia era límpida e plena. De repente me veio um pensamento de que em breve veria o azul do mar lá de cima, e que com certeza aquilo seria uma experiência singular e indescritível.

Em alternados instantes de reflexão não poderiam deixar de virem aquelas questões sempre presentes no meu dia a dia. Seria uma missão apenas de ida? E se for, haveria algo depois? Mas aqui ainda havia questões em aberto a serem resolvidas, batalhas que precisavam ser vencidas, relações indefinidas...

O tempo aparentemente não é nosso aliado. Pelo menos em uma visão rasa e plana da realidade que é e talvez sempre seja uma incógnita. Por que o tempo passa? Mas será que passa mesmo ou tudo é apenas uma ilusão, ou uma realidade fictícia de uma simples instância do nosso ser? Haveria outras instâncias? Certeza absoluta dessas respostas jamais teremos, pelo menos enquanto esta instância persistir. Mas o que estaria buscando de fato?

Já havia concluído que o material jamais será o suficiente para atingirmos a plenitude. A  conjuntura em que vivemos parece nos induzir a modelos de existência vazios, que nos oferece gotas de felicidade e prazer em troca de escravidão para servirmos ao sistema. Nascemos livres, mas construímos prisões ao longo da vida onde acabamos por ficar confinados em rotinas que nos levam a desconectarmos des nós mesmos, chegando a ponto de esquecermos que existimos, deixando o nosso verdadeiro eu perdido no espaço-tempo. Se não houver reação a tendência é perdermos mobilidade, vitalidade, termos a nossa liberdade cerceada, nos fazendo perder aquele brilho vital que nos é concedido no instante em que nascemos.

A liberdade é imperativa e a luta por ela jamais deve ser abandonada. É preciso viver, socializar-se, interagir com o meio, a natureza, pessoas, animais, criar, inventar, testar, tentar, perseverar por aquilo que deseja e acredita, amar muito a ponto de sentir-se vivo, brilhar, fazer com que a sua existência faça diferença, e que a nossa experiência justifique esta dádiva que nos foi dada pelo universo. Pode ser que haja outras instâncias de existência, mas certamente esta será única e singular, então a nossa maior obrigação na vida para nós mesmos é sermos felizes sem limites, ao extremo.


A contagem regressiva para o dia da missão foi iniciada.


Space Oddity - part I

Space Oddity - part III




quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Space Oddity I


Em algum lugar no passado, era um dia comum, perdido no tempo. Acordei. Logo iria preparar-me para um novo dia. Tomar o meu café, seguir com a rotina de sempre, trabalho, obrigações, pequenos lazeres, fazer alguns exercícios físicos para manter uma qualidade de vida satisfatória, até que o dia se acabaria, e após uma outra noite de sono voltaria ao início do ciclo. 

Só que naquele dia algo muito diferente ocorreria. Durante a leitura diária do jornal encontrei uma pequena nota no seu interior citando o alistamento de candidatos para uma missão espacial, mas sem maiores detalhes da sua natureza e objetivos. Para saber mais, teria que seguir adiante no processo. 

Resolvi inscrever-me para a missão. Nem mesmo fazia ideia do motivo. Não pensei, fui até a agência, deixei o meu nome e preenchi os dados.

O tempo correu, voou, o passado desapareceu no horizonte. Era uma manhã. Ao abrir a caixa postal havia um e-mail convocando para a entrevista. O sender me parecia desconhecido, mas aquilo me remeteu ao passado e caiu a ficha que era algo relacionado àquela inscrição que um dia havia realizado, sem saber o porquê.

A minha mente estava confusa, perdida, sem um direcionamento definido. No decorrer dos últimos anos havia lutado várias batalhas. Conquistei pequenas vitórias, mas algo lá dentro me arremetia para o nada. Mas o nada não me satisfazia. Para escapar buscava algo que me permitisse sublimar aquilo que estava perdido no meu interior através de catarses, descarregando emoções sem um foco definido. Precisava continuar lutando, sem mesmo saber o motivo. Embora as causas parecessem consistentes, e aparentemente valiam a pena serem conquistadas, na verdade não passavam de um pretexto para lutar, para permanecer vivo, de pé, preparado para a próxima guerra.

Chegou o dia da entrevista. Após obter as credenciais, entrei naquele prédio branco, limpo, moderno. Não havia filas, nem outros supostos candidatos. Apenas segui aquele longo corredor que levava a uma sala branca, vazia, com dois sofás. Sentei e aguardei.

Após alguns minutos de espera fui chamado para um escritório onde havia apenas uma mulher, toda de branco, de óculos, que educadamente pediu para sentar-me à sua frente.

Conversamos por muito tempo, talvez horas. O meu currículo tecnicamente parecia enquadrar-se no perfil que estava buscando. Boa parte da entrevista parecia direcionada à leitura da minha mente, a tentativa de entendimento de porque eu estava ali, disposto a submeter-me àquela missão de alto risco.

Não havia uma clareza. Mas todas aquelas batalhas que havia lutado, quando olhava para trás sempre vinham questionamentos. Por que? A que tudo isso me levou? Para onde pretendo ir? Não havia como responder de forma objetiva. Pequenos portos seguros poderiam parecer justificativas pontuais, mas no dia seguinte rapidamente perdiam suas consistências.

No fundo o que estava buscando era a luz. Às vezes ela parecia tímida, escondida no meio de um sonho. Em breves momentos parecia querer materializar-se, mas a tendência era sempre desaparecer no tempo. E enquanto isso buscava guerras para lutar, fortalecer-me o possível para estar sempre preparado. As marcas da guerra ao invés de me demover, se tornavam combustível para seguir em frente.

E a luz? Onde buscá-la? Ela jamais poderia ser esquecida, porque no dia em que desvanecer até que desapareça para sempre a existência tornar-se-ia inócua. E a esperança? Ela vem, vai, vem... Em alguns dias parece que o sol, ou mesmo a lua, o universo, as estrelas, me trazem uma fresta da luz. Em outros vou na sua direção, timidamente, acreditando... Mas em alguns momentos deixo de acreditar até que algo dentro de mim gere uma nova faísca para me fazer acreditar novamente.

A desistência não é uma opção. Nunca foi, nunca será. Um dia com certeza a luz permanecerá acesa, para sempre. 


Parei de pensar e resolvi aceitar o convite.


Space Oddity - part II

Space Oddity - part III


Space Oddity - David Bowie




quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Brave New World

 


Há sete anos atrás escrevi meu último post. E o tempo passou, voou, e se foi com o vento.

Desde então, passamos a enfrentar anos sombrios onde a morte se tornou mais frequente no nosso dia a dia, e com isso o mundo mudou para sempre.

Em paralelo, as estruturas de poder evoluiram os seus mecanismos de controle, tornando-se mais complexos e articulados, e mantendo o seu principal objetivo que sempre foi subjugar e controlar a massa, porém de forma mais ostensiva mas com uma retórica muito mais consistente e convincente.

Para desviar o foco do gado, promoveram guerras internas colocando o povo contra si mesmo através de posicionamentos antagônicos em questões ambientais, ideológicas, raciais, gênero, guerras, entre outras.

Enquanto as pessoas passaram a focar nestas questões, o establishment aliado aos super ricos em ambito mundial e apoiados pela grande mídia, saíram dos holofotes ficando mais livres para crescerem em riqueza e poder, ditando as regras e diretrizes do mundo.


"The world is not dangerous because of those who do harm but because of those who look at it without doing anything." ~Albert Einstein